Um dia depois de o
presidente em exercício Michel Temer se reunir com líderes dos partidos da base
na Câmara para reafirmar o compromisso do governo com o ajuste fiscal e
defender um freio na concessão de aumentos salariais no serviço público, o PMDB
do Senado caminhou em sentido contrário.
O senador Valdir
Raupp (RO) apresentou voto em separado na Comissão de Assuntos Econômicos em
defesa do aumento salarial do Judiciário. Em seguida, o líder da bancada,
Eunício Oliveira, apresentou requerimento de urgência para a votação do projeto
– o que permite a votação diretamente em plenário já nesta quarta-feira.
O ministro da
Secretaria de Governo, Geddel Vieira Lima, responsável pela articulação
política, que na véspera foi o porta-voz do governo do anúncio do compromisso
com o ajuste fiscal sem novos aumentos salariais, hoje refez a declaração.
Ele disse ao blog
que estava se referindo a matérias que não estavam no Congresso, como reajuste
salarial de policiais e da diplomacia.
Quanto ao aumento
do Judiciário, disse que nada mais o governo poderia fazer porque o projeto já
estava no Congresso e que o Planalto não iria interferir.
"O que está
pendente de envio ao Congresso não será tratado. Mas o que já está no Congresso
é autonomia do Congresso", afirmou Geddel.
Eunício Oliveira
disse que o requerimento de urgência é assinado por nove líderes partidários e
observa que não recebeu qualquer telefonema do Palácio do Planalto para não
levar o projeto de aumento do Judiciário.
"O projeto
passou na Câmara e passou na Comissão de Justiça do Senado. Não vi qualquer
movimento para não conceder este aumento", disse Eunício no começo da
noite, a caminho do Palácio do Planalto.
Ele afirmou que vai
ouvir a orientação do governo. "Eu não vou brigar com ninguém por causa
disso", declarou.
O comportamento do
PMDB irritou a bancada do PSDB e levou o líder Aloysio Nunes Ferreira a se
queixar ao presidente em exercício, Michel Temer. Para os tucanos, o PMDB passa
a apoiar o aumento, deixando para o PSDB o papel de dizer não ao Judiciário.
"O PMDB está
fazendo como o PT fazia: o PT ficava contra projetos de Dilma. Agora, o PMDB
não assume as propostas do governo Temer", afirmou Aloysio Nunes.
Temer deve pedir ao
PMDB que pelo menos adie a votação do projeto de aumento do salário do
Judiciário.
Para o presidente
do PSDB, Aécio Neves, o PMDB tem de mostrar claramente se é contra ou a favor
do ajuste fiscal. "O momento não permite mais ambiguidades", disse
ele.
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