Foram
à Corte os ex-diretores Cláudio Melo Filho, Alexandrino de Alencar e Hilberto
Mascarenhas; na semana passada, depuseram Marcelo Odebrecht e outros dois
ex-executivos.
O Tribunal Superior Eleitoral ouviu
nesta segunda-feira (6) depoimentos de mais três delatores da Odebrecht dentro
da ação que investiga a campanha eleitoral de 2014 da chapa formada pelo
presidente Michel Temer e pela ex-presidente Dilma Rousseff.
Foram à sede do tribunal, em Brasília
os ex-executivos Cláudio Melo Filho, ex-diretor da Odebrecht; Hilberto
Mascarenhas, ex-executivo que comandava um setor voltado para o pagamento de
propina; e Alexandrino de Salles Ramos de Alencar, que ocupou a diretoria de Relações
Institucionais da Odebrecht.
O primeiro a depor foi Mascarenhas,
cujo depoimento durou cerca de 2h45. Até a última atualização desta reportagem,
o TSE ouvia Alexandrino de Salles Ramos de Alencar e ainda não havia colhido
depoimento de Cláudio Melo Filho.
Os depoimentos se somam a outros já
prestados na semana passada por Marcelo Odebrecht, ex-presidente da companhia;
Benedicto Junior, ex-presidente da Odebrecht Infraestrutura; e Fernando Reis,
ex-presidente da Odebrecht Ambiental.
Todos foram chamados pelo ministro
Herman Benjamin, relator da ação, na condição de testemunhas, para prestar
informações que possam esclarecer se doações feitas pela empresa à campanha
eram propina pagas para obter contratos na Petrobras, como acusa o PSDB, que
perdeu a disputa em 2014.
Em caso de condenação, a ação poderá
levar à cassação do mandato de Temer e à inegibilidade dele e também de Dilma.
Dentro da Lava Jato, os ex-executivos
que depõem nesta segunda já detalharam como eram feitas as doações da Odebrecht
nas campanhas eleitorais.
Cláudio Melo Filho, por exemplo, que
era um dos principais responsáveis pelo contato da cúpula da empresa com
políticos, contou sobre um episódio em que acertou, segundo ele a pedido de
Temer, a doação de R$ 10 milhões para o PMDB em 2014 (leia mais abaixo).
Alexandrino de Alencar, por sua vez,
era conhecido pelo relacionamento próximo com o ex-presidente Luiz Inácio Lula
da Silva, tendo o acompanhando em diversas viagens internacionais que teria
feito sob patrocínio da Odebrecht, interessada em obras no exterior com
financiamento público brasileiro.
Hilberto Mascarenhas fazia parte do
chamado "Setor de Operações Estruturadas", estrutura profissional de
pagamento de propina em dinheiro no Brasil com funcionários dedicados a uma
espécie de contabilidade paralela que visava pagamentos ilícitos.
Citações
a Temer e a ex-assessor de Dilma
Quando negociava seu acordo de delação
premiada na Operação Lava Jato, Cláudio Melo Filho narrou um encontro que teve
2014 com o presidente Michel Temer no qual foi acertada uma doação de R$ 10
milhões da Odebrecht para o PMDB.
Foi durante um jantar no Palácio do
Jaburu, residência oficial do vice-presidente da República, que contou ainda
com a presença do atual ministro da Casa Civil, Eliseu Padilha, do secretário-geral
da Presidência, Moreira Franco e também do ex-presidente da Odebrecht, Marcelo
Odebrecht.
Na ocasião, Temer teria pedido doações
pessoalmente e Marcelo Odebrecht definiu que seria feito pagamento no valor de
R$ 10 milhões. Cláudio Melo Filho disse que Eliseu Padilha ficou responsável
por receber e alocar R$ 4 milhões e que os outros R$ 6 milhões seriam
direcionados a Paulo Skaff, na época candidato ao governo de São Paulo pelo
PMDB.
O ex-diretor da Odebrecht revelou que
Temer atuava de forma muito mais indireta, não sendo seu papel, em regra, pedir
contribuições financeiras para o partido. Ele ainda deu como exemplo da
contrapartida em favor da empresa uma viagem institucional de Temer a Portugal,
para onde teria levado uma nota sobre a atuação da companhia no país.
Além de dezenas de outros políticos,
Cláudio Melo Filho também relatou seu relacionamento com Anderson Dornelles,
que foi assessor da ex-presidente Dilma Rousseff. Ele diz que, em meados de
2012, Marcelo Odebrecht o apresentou a Anderson, porque ele trabalhava com
Dilma e era responsável pela agenda de trabalho dela.
Posteriormente à reunião, o Marcelo
teria comunicado a Cláudio que recebeu um pedido de apoio financeiro de
Anderson, autorizando que se realizassem pagamentos de R$ 50 mil para ele.
Claudio apresentou aos investigadores
planilhas com sete pagamentos feitos a Anderson Dornelles, entre outubro de
2013 e julho de 2014, totalizando R$ 350 mil, acrescentando o codinome dele era
"Las Vegas".
Fonte: g1.globo.com - Polítia
Nenhum comentário:
Postar um comentário